Qual é o impacto das eleições americanas nos investimentos? Será que as eleições realmente prejudicam os negócios como alguns jornais afirmam? Neste estudo, analisaremos o comportamento dos mercados durante as últimas três eleições dos EUA para entender melhor essa relação e identificar possíveis oportunidades.
Para nossa análise, começaremos revisando as datas das três últimas eleições presidenciais dos EUA:
- Eleições Presidenciais de 2020: 3 de novembro de 2020
- Eleições Presidenciais de 2016: 8 de novembro de 2016
- Eleições Presidenciais de 2012: 6 de novembro de 2012
Nos Estados Unidos, as eleições presidenciais ocorrem na primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, a cada quatro anos.
Para facilitar a compreensão, iremos simular os investimentos, em renda variável, sob os seguintes pontos de vista:
- Investidor americano investindo nos Estados Unidos (S&P 500)
- Investidor americano investindo no Brasil (Ibovespa)
- Investidor brasileiro investindo no Brasil (Ibovespa)
- Investidor brasileiro investindo nos Estados Unidos (S&P 500)
Quais foram os rendimentos obtidos no S&P 500 por um investidor estrangeiro durante o período eleitoral americano?
Se utilizarmos o S&P 500 como um índice de comparação para os investimentos em renda variável, temos o seguinte panorama.
Imagem: Retorno do S&P500 de 11,68% em 2012.
Em 2012, os investimentos em renda variável nos Estados Unidos registraram uma valorização de 11,68%, apesar do período eleitoral. Notamos uma leve queda nos investimentos na véspera das eleições.
Imagem: Retorno do S&P500 de 11,24% em 2016.
Em 2016, os investimentos em renda variável tiveram uma valorização anual de 11,24%. No entanto, entre agosto e outubro, observou-se uma leve flutuação nos preços, que se estabilizou e ganhou impulso logo após as eleições.
Imagem: Retorno do S&P500 de 14,9% em 2016.
Em 2020, tivemos uma eleição bastante acirrada, marcada por episódios como a invasão ao Capitólio. No entanto, o investidor que manteve seus investimentos ao longo do ano obteve um retorno próximo a 15%. Novamente, observamos flutuações nos preços nos meses que antecederam a eleição.
Portanto, sob a perspectiva de um investidor americano, não há evidências de que o mercado de renda variável tenha gerado rendimentos negativos durante os anos eleitorais. Observamos que, nos meses que antecedem as eleições, o mercado tende a um período de espera. No entanto, o investidor de longo prazo que manteve seus investimentos de 1º de janeiro a 31 de dezembro nos anos eleitorais obteve ganhos de 11,68%, 11,24% e 15% em dólares
Será que as eleições americanas influenciam os investimentos no Brasil?
Utilizando o Ibovespa como um índice que representa investimentos em renda variável, temos:
Imagem: Rendimento do Ibovespa em 2012
Em 2012, o índice Ibovespa registrou uma perda de 2,8%. Notamos que, nos meses que antecederam a eleição, especialmente em outubro, o índice sofreu um retrocesso.
Imagem: Rendimento do Ibovespa em 2016
Em 2016, o índice acionário brasileiro teve uma alta de mais de 40%, com fortes ganhos nos meses que antecederam as eleições.
Imagem: Rendimento do Ibovespa em 2020
Em 2020, as eleições americanas não tiveram grande influência sobre o índice acionário brasileiro, que terminou o ano no mesmo patamar de 1º de janeiro de 2020.
Portanto, para um investidor brasileiro que investe em renda variável no Brasil, observamos que, em 66% dos casos, os rendimentos ficaram abaixo do esperado. No entanto, em 33% das situações, o mercado apresentou um desempenho superior à média.
Como se comparam, em termos percentuais, o S&P 500 e o Ibovespa durante as últimas eleições?
Imagem: Retorno total do S&P500 e do Ibovespa em 2012.
Imagem: Retorno total do S&P500 e do Ibovespa em 2016.
Imagem: Retorno total do S&P500 e do Ibovespa em 2020.
Observamos que o retorno do Ibovespa ficou abaixo do S&P 500 em duas ocasiões. Interessante notar que, em 66% dos casos, as eleições americanas tiveram um impacto mais positivo sobre os investimentos nos Estados Unidos do que sobre os mercados emergentes, particularmente no Brasil.
Como ficam os investimentos no Brasil sob a perspectiva de um investidor estrangeiro?
Para o investidor que não mora no Brasil e paga suas contas em dólares, o importante é verificar o rendimento em sua moeda doméstica.
Imagem: Rendimento em Reais e em USD do Ibovespa. Fonte dos dados de câmbio: Ipedata
Como podemos observar, levando em conta o efeito do câmbio sobre os investimentos realizados no Brasil em anos de eleição nos Estados Unidos, em 66% dos casos analisados neste estudo, houve perdas. Em apenas uma das ocasiões, foi registrado um ganho ( 75,41%), o que corresponde ao nível de risco elevado corrido pelo investidor extrangeiro.
Como ficam os investimentos nos Estados Unidos sob a perspectiva de um investidor que mora no Brasil?
Imagem: Rendimento em Reais de um investimento no S&P500.
Para um investidor que mora no Brasil e paga suas contas em reais, investir em renda variável nos Estados Unidos durante as eleições gerou ganhos em 66% das ocasiões analisadas neste estudo.
Todos os investimentos em renda variável são impactados em anos eleitorais?
O desempenho de alguns investimentos nem sempre pode ser explicado apenas pela macroeconomia e efeitos políticos. Lembre-se de que uma pesquisa cuidadosa em oportunidades específicas e uma análise atenta dos fatores microeconômicos (internos da empresa) podem resultar em retornos superiores ao mercado como mostra o exemplo abaixo.
Imagem: Desempenho de uma ação que superou o Ibovespa e o S&P 500 em ano eleitoral americano de 2020.
No entanto, investimentos em ações individuais nunca são recomendados para o investidor comum.
Conclusão
Se você for um investidor americano aplicando nos Estados Unidos em um ano eleitoral, é importante considerar que os meses que antecedem as eleições tendem a ser mais voláteis.
Se estiver investindo no Brasil durante um ano de eleições americanas, tenha em mente que o risco cambial é maior, embora as oportunidades de ganho também possam ser mais significativas.
Para o investidor brasileiro que investe no Brasil, em 66% dos casos analisados, os retornos não compensaram o risco assumido.
Por outro lado, para o investidor brasileiro que aplica em renda variável nos Estados Unidos, 66% dos casos analisados resultaram em retornos positivos, enquanto 33% apresentaram resultados negativos.
Portanto, investir em um ano eleitoral realmente exige uma dose extra de coragem. Apostar em uma moeda mais forte demonstrou ser uma estratégia vantajosa em 66% dos casos analisados.