Quem é a Neoenergia?
A Neoenergia é uma das principais empresas do setor elétrico brasileiro, integrando o grupo espanhol Iberdrola desde 2017, um dos maiores conglomerados de energia do mundo. Fundada em 1997, a Neoenergia se destaca por sua atuação abrangente nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento sustentável e na ampliação da infraestrutura energética do Brasil.
Como a Neoenergia ganha dinheiro?
A Neoenergia - Neoe3 - possui três fontes principais de receita que sustentam suas operações e garantem seu crescimento contínuo:
Transmissão de Energia
A Neoenergia opera uma vasta rede de linhas de transmissão, essenciais para transportar a energia gerada nas usinas até os centros de consumo. A transmissão é um dos pilares da companhia, assegurando que a energia chegue de maneira eficiente e confiável às concessionárias e consumidores finais. Com investimentos contínuos em tecnologia e infraestrutura, a empresa busca aumentar a capacidade e a eficiência de suas operações de transmissão.
Distribuição de Energia
A distribuição é outro segmento vital para a Neoenergia, que atua diretamente na entrega de energia elétrica aos consumidores finais, sejam eles residenciais, comerciais ou industriais. A empresa controla 5 concessionárias que atendem 16,4 milhões de clientes em diferentes regiões do Brasil.
Geração de Energia
Na área de geração, a Neoenergia possui um portfólio diversificado de usinas, incluindo hidrelétricas, parques eólicos e, mais recentemente, usinas solares. Essa diversificação permite à empresa não apenas atender à demanda crescente por energia no país, mas também contribuir significativamente para a matriz energética renovável do Brasil. A empresa tem investido em fontes de energia limpa, alinhando-se com as metas globais de sustentabilidade e redução de emissões de carbono.
Qual o lucro da Neoenergia?
O lucro líquido consolidado da Neoenergia em 2023 foi de R$ 4,5 bilhões. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelo aumento na demanda no setor de distribuição, decorrente das altas temperaturas que afetaram o Brasil naquele ano, além dos reajustes tarifários. O EBITDA da empresa alcançou R$ 10,6 bilhões em 2023, refletindo uma sólida expansão em suas operações.
Crescimento inorgânico da Neoenergia
A empresa realizou a venda de 50% da participação em 8 ativos de transmissão ao grupo GIC, o que permitiu uma entrada de caixa na ordem de R$ 1,1 bilhão. Também foi informado que o mesmo grupo fez uma oferta não vinculante por outros dois ativos de transmissão, que podem ser concretizados a qualquer momento em 2024. Adicionalmente, a Neoenergia realizou uma permuta de seus ativos hidrelétricos com a empresa Eletrobras.
Crescimento orgânico da Neoenergia
No setor de distribuição, houve a adição de 314 mil novas unidades consumidoras somente no ano de 2023, totalizando 16,4 milhões de clientes atendidos. Ainda assim, estão previstos investimentos da ordem de R$ 5 bilhões em distribuição nos próximos anos, ou até mesmo em um único ano, dependendo do que acontecer com a renovação dos seus contratos de distribuição ao longo de 2024.
No setor de geração, a empresa fechou o ano de 2023 com 1,6 GW em geração de renováveis, como eólica e solar. Na área hídrica, houve uma melhora no resultado em função da consolidação de Dardanelos a partir de setembro de 2023.
Na área de geração térmica, é visto com alguma preocupação o fim do contrato de venda de energia em maio de 2024, lembrando que a Termope teve uma participação de R$ 600 milhões no EBITDA 2023 da Neoenergia. Entretanto, existem algumas possibilidades que a empresa vem trabalhando. Uma delas é um adiantamento de contrato de venda de energia previsto para iniciar em 2026 e a outra é a possibilidade de exportação de energia.
No setor de transmissão, a empresa fechou 2023 com uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 650 milhões e espera alcançar R$ 1,2 bilhão em 2024. Para 2025, a projeção é de uma RAP da ordem de R$ 1,7 bilhão. Destaca-se a possível continuidade da parceria com o GIC ao longo de 2024, o que pode aumentar consideravelmente o apetite por concessões Greenfield.
Entretanto, é válido notar que, no leilão de transmissão realizado em março de 2024, a empresa não foi vitoriosa em nenhuma ocasião. Esse resultado nos permite observar sua estratégia de investimentos, uma vez que o deságio de sua proposta revela uma posição mais conservadora.
Endividamento da Neoe3
A empresa fechou o ano de 2023 com uma relação dívida sobre EBITDA de 3,17, e no primeiro trimestre de 2024, essa relação aumentou para 3,28. Adicionalmente, sua dívida possui um custo médio de 11,4%aa. e um prazo médio de 5,7 anos. Na minha análise, a empresa planeja aumentar seu endividamento ao longo deste ano, devido ao alto CAPEX previsto em transmissão e distribuição, resultando em uma dívida líquida projetada de R$ 43 bilhões até o final de 2024. O EBITDA deverá expandir, o que permitirá à empresa ampliar sua capacidade de tomar e reestruturar dívidas, especialmente em um ambiente de estabilidade e queda nas taxas de juros. No entanto, é crucial que ela não ultrapasse uma relação dívida sobre EBITDA de 3,7 - 3,8, para evitar aumentar excessivamente os riscos operacionais e o custo da dívida.
Renovação das concessões da Neoenergia
Este é um assunto crucial para a empresa e requer atenção especial, pois suas distribuidoras estão entrando no último ano de operação conforme o quadro abaixo.
- Neoenergia Coelba: Agosto de 2027
- Neoenergia Pernambuco: Março de 2030
- Neoenergia Cosern: Dezembro de 2027
- Neoenergia Elektro: Agosto de 2028
- Neoenergia Brasília: Julho de 2045
Com um plano de investimento de R$ 5 bilhões em distribuição para este ano e de R$ 13 bilhões apenas na Coelba nos próximos 4 anos, é natural esperar que a empresa esteja confiante quanto à renovação dos contratos. No entanto, o processo está atualmente em trâmite no Ministério, TCU e posteriormente passará pela Casa Civil. É certo que os novos contratos deverão focar em questões ESG (ambientais, sociais e de governança), qualidade de serviço e em longo prazo.
Com os investimentos anunciados pela Neoenergia, a pressão sobre o governo aumenta, pois este também está interessado em garantir que o serviço de qualidade chegue ao consumidor. No entanto, até que todos os contratos sejam renovados, o mercado pode se tornar sensível a cada nova notícia e boato relacionado à renovação das concessões.