Quanto vale uma empresa?
Descobrir o quanto vale uma empresa é o ponto de partida para o Value Investing e para responder a essa pergunta nós temos três linhas de pensamento. A primeira delas diz que uma empresa vale aquilo que ela produz; a segunda diz que uma empresa vale aquilo que ela produzirá, e a última que diz que uma empresa vale o conjunto de bens que ela possui. Misture as três vertentes agite-as bem e terás uma ideia do valor de uma empresa.
Avaliar uma empresa é acima de tudo um exercício de imaginação, e o avaliador deve possuir em sua maleta de ferramentas distintos instrumentos de avaliação, que podem e devem ser aplicados em situações específicas.
Avaliação pelo Fluxo de Caixa Descontado
É a metodologia amplamente utilizada em situação de fusões e aquisições de empresas maduras. Essa metodologia cria uma projeção de quanto a empresa renderá no futuro e tenta comparar com o que seria investido hoje para criar tal rendimento. Exemplo, se você souber que uma empresa irá lhe render R$100 ao ano pelos próximos 5 anos e posteriormente nada mais, quanto você estaria disposto a pagar pela empresa? Claramente você estaria disposto a investir qualquer valor inferior à R$ 500,00; o que nos fornece um ponto de partida.
Imagem 1: Fluxo de Caixa Descontado sob o ponto de vista do acionsta -Fonte: Aswath Damodarn
Acima vemos a racionalidade e a complexidade do método, que exige que façamos uma projeção de receita para os anos vindouros. A partir desta projeção e utilzando-se de outras variáveis de mercado, o modelo tenta prever o valor justo da empresa.
Avaliação Relativa
É a metodologia amplamente utilizada pelo mercado devido a sua simplicidade. Se você não sabe quanto uma empresa vale, basta a compará-la com empresas do mesmo segmento e que estejam no mesmo patamar. Por exemplo, você não sabe quanto vale Bradesco mas sabe que Itaú está sendo negociada a um preço sobre o valor patrimonial (P/VP) de 1,3. Sabendo disso, você consegue imaginar que Bradesco não deva ser negociado nem muito acima nem muito abaixo deste número, nos fornecendo um ponto de partida interessante.
Imagem 2: Múltiplos da empresa Itaú Fonte: Yahoo Finance
Imagem 3: Múltiplos da empresa Bradesco - Fonte: Yahoo Finance
Como vemos Itaú possui um PVP de 1,3 enquanto Bradesco possui um PVP de 1,00, sugerindo que Bradesco possa estar subprecificado em relação ao Itaú.
Avaliação pelo Modelo de Opções
Esse modelo é amplamente utilizado para avaliar novos projetos, empresas que ainda não obtiveram lucro, e Startups. Partimos do que sabemos: o custo de criação de um novo empreendimento, e tentamos criar uma matriz de probabilidade acerca do que não sabemos: as vendas e o lucro. Por exemplo, uma empresa ainda não obteve lucro, mas seu analista favorito lhe fornece a seguinte previsão: se você investir R$50 hoje nessa empresa, há uma probabilidade de 90% de você obter R$100 de lucro no próximo ano. Você investiria nessa empresa? Utilizando esse método fica evidente que o valor de R$50 representa uma oportunidade, e segundo essa análise o máximo que deveríamos estar dispostos a investir nessa empreitada seria R$90.
Imagem 4: Árvore de decisão de tomada de projeto - Fonte: Aswath Damodarn
Acima há um exemplo da utilização do modelo de opções, aonde uma longa árvore de decisão foi utilizada para elucidar os resultados de um novo projeto envolvendo um medicamento de uma indústria farmacêutica. Como podemos observar, o modelo tenta avaliar a todo o momento as probabilidades de sucesso e fracasso do projeto, bem como os resultados obtidos.
O Investidor de Valor
Em suma, as ferramentas de avaliação foram criadas para que o investidor consiga superar a dificuldade de se avaliar uma empresa sob o ponto de vista mais racional possível. Entretanto, é importante frisar que os valores encontrados pelos métodos apresentados acima nem sempre convergem a um único valor, reservando ao investidor o indispensável uso de seu bom senso e faro para negócios.
Para refletir
Qual a diferença entre preço e valor?