Campos Neto, o Presidente do Banco Central do Brasil, fez algumas declarações durante o Fórum de Investimento 2024, que foi promovido pela Bradesco Asset e pelo Bradesco Global Private.
Nessa ocasião, ele mencionou que os juros mundiais devem permanecer elevados por um período mais prolongado, o que pode ter um impacto na liquidez dos mercados. Entre os pontos abordados por Campos Neto, destacam-se as pressões inflacionárias advindas do mercado de trabalho global, que não sinalizam um processo de desinflação, devido aos níveis de emprego mais robustos em muitos países em comparação com o período anterior à pandemia. Nesse contexto, onde muitos acreditam que as taxas de juros mundiais baixas (abaixo de 5,5%) se tornaram a nova norma, proponho uma análise dos juros e de seus dados históricos.
Começando com o básico: Juros não surgem "do nada", mas sim como fruto de uma dinâmica econômica. Quando emprestamos dinheiro a um banco por exemplo, estamos impulsionando seu empreendimento, gerando novas oportunidades de negócios que atraem mais clientes, resultando em um aumento das vendas. Consequentemente, esperamos que haja um ganho. Esse ganho, por sua vez, são distribuídos entre quatro principais partes interessadas:
- Os acionistas, que colhem lucros pela iniciativa que empreenderam;
- O governo, que obtém ganhos ao promover a segurança e o ambiente da empresa;
- Os trabalhadores, que dedicam seu tempo e esforço à empreitada;
- E, por fim, os credores, que desempenham a missão de emprestar dinheiro, com a promessa de receber juros em troca.
Portanto, contrariando a crença de alguns desavisados, os juros não surgem do nada, mas sim como uma resultante desse processo econômico.
O que os dados históricos de Juros nos Estados Unidos no dizem?
Para analisar a alta de juros mundiais citada por Campos Neto, vou utilizar os dados de juros do mercado americano. Usarei os T-bonds de 30 anos para nosso estudo.
Imagem 1: Gráfico histórico de taxas de juros nos EUA desde 1971. Fonte: FRED
Observando os dados do gráfico acima, é evidente que as taxas de juros permanecem abaixo de 7,5% ao ano a partir do ano 2000 em diante.
Tabela 1: Estatística da série hitórica de juros americano apresentada no gráfico.
Quem trabalha com dados estatísticos sabe o quão importante a média é para a série histórica. Costumamos dizer que todos os pontos de dados estão observando a média atententamente. Os números de nossa tabela nos mostram que a média e a mediana das taxas de juros giram em torno de 7,5% ao ano, considerando dados desde 1971. Se pararmos para observar o desvio padrão, percebemos que os juros, em seu ponto mínimo, beirou a soma de dois desvios padrões.
Falando em português:
Não estamos vivendo um período de taxas de juros mais elevadas por mais tempo, mas sim estamos retornando de uma situação 'fora do padrão' para nos alinhar novamente com a 'realidade média' em termos de juros munidais.
Qual é o real motivo por trás de uma subida ou descida de juros?
Recomendo que leia o artigo anterior que aborda o tem de juros globais. Aproveito para pedir gentilmente que me acompanhe, inscrevendo-se em nossa newsletter, para ter acesso aos próximos posts, onde exploraremos esse tema e entenderemos as razões por trás das flutuações de juros.