Rentabilidade das debêntures
As debêntures possuem duas fontes de valor: A primeira delas é o ganho de capital, e a segunda é o rendimento.
Primeira fonte de valor: ganho de capital.
O ganho de capital é a diferença de preço entre o que você vendeu e o que você pagou. Por exemplo, quando compramos um imóvel por R$100mil e passado algum tempo o vendemos por R$ 150mil, podemos dizer que R$ 50 mil é o ganho de capital. De forma similar, as debêntures também são suscetíveis à valorização e para que haja ganho de capital, é essencial que você tenha comprado por menos do que vendeu.
Quando compramos uma debênture que passou pelo criterioso processo de seleção, estamos sujeitos a três fontes de ganho de capital.
Ganho de capital com deságio.
Se você comprar uma debênture em um momento oportuno você pode estar comprando-a com um desconto (deságio) em relação ao seu valor de face. Geralmente, isso ocorre em momentos aonde o mercado financeiro está estressado com alguma notícia, como por exemplo, a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia. Portanto, há poucos investidores dispostos a comprar investimentos, o que faz com que os títulos sejam vendidos com algum desconto.
Ganho de capital com ágio
O inverso também é válido, se investidor ja possuir a debêntutre em sua carteria, ele pode estar vendendo-a antes do vencimento, em um momento oportuno, e realizando ganho com ágio. Isso normalmente ocorre em momentos aonde o mercado está eufórico e consequentemente investidores disputam intensamente por investimentos.
Pretendo não me aprofundar muito nesse tema agora, e escrevo em mais detalhes sobre ganhos e perdas com o ágio e deságio em um próximo post.
Ganho de capital com indexador.
A grande maioria das debêntures é atribuída a um indexador, e o mais importante deles é a inflação (IPCA). No entanto, nada impede que a empresa emissora indexe seus papéis à taxa básica de juros da economia (SELIC). Tecnicamente a empresa pode indexar as suas debêntures à qualquer outro índice econômico existente no mercado. Consequentemente, as debêntures agregam uma correção monetária conforme esses índices avançam.
Segunda fonte de valor: Rendimento!
Talvez o que mais me atraia às debêntures seja o rendimento, para mim essa é a melhor parte de investir. As debêntures pagam a cada período (mensal, semestral, ou anual) um valor, que é depositado na conta do investidor. Portanto, se você pensa em viver de renda, as debêntures, quando bem selecionadas, podem fazer parte da sua dieta como investidor.
Vou utilizar novamente as debêntures da Vale do Rio Doce, que utilizei em um artigo prévio, sob o código VALE29 como exemplo. Se digitarmos esse código seguido da palavra ANBIMA no Google, teremos acesso a informações que nos interessam como debenturistas. Uma das principais informações do site ANBIMA é a agenda de eventos do título, pois é a partir dela que podemos entender como funciona o esquema de pagamento da debênture.
Imagem 1: Agenda de eventos debênture VALE29 - Fonte: ANBIMA
Como podemos perceber os juros da “VALE29” são pagos de forma anual na data de 15 de agosto. Note que o percentual pago por ano é fixo em 6,6252% mas o valor recebido pelo investidor a cada ano é maior. Isso ocorre, pois, essa debênture é corrigida pela inflação. Na prática é como se o aluguel do nosso dinheiro fosse sendo reajustado automaticamente ano após ano.
Ganho de Capital + Rendimento
Imagem 2: Esquema de pagamento da debênture VALE29
Como vemos, as debêntures possuem duas componentes de valor. A primeira dela é o rendimento anual (Cupom) representada pela seta azul e a segunda dela é o ganho de capital representada pela seta verde. Ao final do prazo em 15/08/220, o investidor que carregar o papel até o vencimento, terá obtido um rendimento total (estimado) de 11,7% ao ano, o que eu considero um bom retorno perante o risco do investimento.
O truque aqui é buscarmos aumentar nossos ganhos ao mesmo tempo que reduzimos os nossos riscos. Como isso é algo que exige um esforço considerável, vejo muitos investidores aderirem ao “bonde” do momento: buscarem um ganho maior correndo um risco desproporcionalmente maior, fuja dessa armadilha.
Algumas reflexões
- Como você consegue ampliar retorno e diminuir riscos?
- O quê aconteceria se utilizarmos o dinheiro advindo dos cupons para reinvestir?