Silicon Valley Bank O que causou sua quebra? Qual o risco para as fintechs brasileiras?

Nos últimos dias, tivemos um número expressivo de quebras de bancos nos Estados Unidos. Tivemos a segunda maior quebra de um banco nos Estados Unidos com a quebra do Silicon Valley Bank; tivemos a terceira maior quebra de um banco nos Estados Unidos com a quebra do Signature Bank, ficando atrás somente do Washington Mutual que quebrou em 2008 durante a crise do subprime.

O que isso tem a ver com o investidor brasileiro? Quais os riscos que o investidor brasileiro corre?

Para responder a essas perguntas, irei trazer aqui uma análise mais técnica: uma avaliação de títulos. Tentarei entender e traçar um paralelo do que pode ter acontecido e quais foram as decisões que levaram o Silicon Valley Bank à falência.

Buscando algumas notícias de jornais, encontrei no site do Valor Econômico a informação de que a carteira do banco alocada em títulos do governo americano de longo prazo era de 21 bilhões, com retorno médio de 1,79% ao ano. Enquanto, atualmente, os títulos de mesma duração do Tesouro americano de 10 anos estariam pagando cerca de 3,9% ao ano. O que acontece é que o Silicon Valley Bank, segundo a notícia do jornal, teve que vender esses papéis no prejuízo.

Levantando alguns fatos, vamos fazer um cálculo de como tudo isso deve ter funcionado para eles e tentarmos entender o que passou na tesouraria do banco. Vamos usar as fórmulas financeiras, mais especificamente a fórmula do valor futuro. E se realizarmos alguns cálculos, que você pode encontrar com mais detalhes no vídeo desse artigo, vemos que o Silicon Valley Bank amargou um bom deságio em sua carteira de títulos de longo prazo.

Se considerarmos o tamanho da carteira do banco, que era estimada em US$21 bilhões, encontraremos uma perda estimada de 3,2 bilhões. Quando observamos que o banco estava tentando recompor esse prejuízo e emitir novas ações no valor de 2,25 bilhões, levando em consideração a carteira total de ativos que era de US$209 bilhões, percebemos que essa perda por si só não explicaria a quebra do banco, pois eles perderam um pouco menos de dois por cento do seu patrimônio total.

Então, por que será que o Silicon Valley Bank quebrou?

Ao que tudo indica, lendo as reportagens e notícias, todos os investidores foram aconselhados a sacar o dinheiro dos investimentos no banco. Então, o banco ficou sem capital, enquanto a agência reguladora dos Estados Unidos resolveu tirá-lo de negociação e decretar sua falência. A ação rápida por parte da agência se deve principalmente por dois motivos: depois da crise do subprime em 2008, eles aprenderam a lição e estão mais atentos agora. O segundo motivo deve-se ao fato de que alguns dias antes havia ocorrido a quebra do SilverGate, que era um banco focado em criptomoedas e que tinha deixado a agência em estado de alerta total.

Vamos falar um pouco sobre as fintechs brasileiras e qual o risco que eu vejo que possa representar para um investidor brasileiro?

Dizer que o risco é zero seria mentira, porque existe o risco de mais um banco quebrar na sequência e os investidores ficarem muito receosos e resolverem sacar seus investimentos, vendendo suas ações e deixando os bancos sem liquidez, o que poderia levar o mercado a entrar em crise. Porém, quando olhamos para as fintechs brasileiras, duvido muito que elas tenham feito algum investimento de longo prazo com um retorno tão inadequado quanto o do Silicon Valley Bank. Lembrando que o Silicon Valley só fez esse tipo de investimento porque o governo americano emitiu um trilhão de dólares lá em 2008, praticamente a custo zero, então eles podiam se dar ao luxo de fazer investimentos de baixo retorno.

As fintechs brasileiras são empresas que estão crescendo, alavancando negócios, incrementando receitas e eu acredito que elas têm projetos internos muito mais interessantes, com taxas muito mais atrativas. Portanto, o maior risco que incide sobre elas é o risco sistêmico, é o risco do mercado ficar sem liquidez e do mercado bancário entrar em uma espiral de saques.

 

Link do vídeo no Youtube: 

 https://youtu.be/ZuppbpLtqLk

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