Qual o Risco de Investir na Taesa?

O que faz a Taesa?

A Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (TAESA) é uma empresa líder no setor de transmissão de energia elétrica no Brasil. Com uma extensa rede de linhas de transmissão que abrange diversas regiões do país, a TAESA desempenha um papel fundamental na infraestrutura elétrica nacional, garantindo o transporte seguro e eficiente de energia entre as fontes de geração e os centros de consumo. Reconhecida por sua excelência operacional, a empresa se destaca pelo compromisso com a qualidade, segurança e inovação em suas operações. Além disso, a TAESA mantém um foco constante na sustentabilidade, buscando contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades onde opera. 

Como a TAESA ganha dinheiro?

As empresas de transmissão são remunerdas pela Receita Anual Permitida (RAP). Refere-se à receita máxima que uma empresa de transmissão de energia está autorizada a receber em um determinado período, geralmente definido em contratos de concessão com órgãos reguladores. A RAP é calculada com base nos investimentos realizados na construção, operação e manutenção das instalações de transmissão, bem como em uma taxa de retorno regulada. 



Como a RAP é definida?

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é a responsável por determinar a RAP de cada empresa de transmissão. Para isso, a ANEEL leva em consideração diversos critérios técnicos e econômicos, como:

  • Investimento na construção e manutenção das linhas de transmissão: as empresas precisam ter retorno sobre o capital que investem na infraestrutura de transmissão.
  • Custos operacionais: a RAP precisa cobrir os custos das empresas para operar e manter as linhas de transmissão, incluindo pessoal, materiais e energia.
  • Riscos do negócio: o setor elétrico apresenta riscos, como inadimplência dos consumidores e mudanças nas condições do mercado. A RAP precisa levar esses riscos em conta para garantir a atratividade do investimento em transmissão.

 

Por que ocorre a queda da RAP de 50% em algumas concessões?

Os contratos de concessão de transmissão licitados entre 1999 e 2006 (Categoria II) consideram a redução de 50% da RAP (Rede Básica) a partir do 16º ano de operação comercial das instalações. 

Qual o regime tributário sobre as Transmissoras de energia?

Antes de 2010, a TAESA contabilizava seus resultados de acordo com a norma regulatória vigente estabelecida pela ANEEL. Entretanto, em 2010, as empresas brasileiras listadas na B3 foram obrigadas por lei a contabilizarem seus dados segundo a norma internacional IFRS. Desde então, ocorreu uma mudança na forma de contabilizar o imobilizado, pois, segundo o IFRS, toda a infraestrutura construída pelo operador não é registrada como ativo imobilizado do próprio operador, uma vez que o contrato de concessão não transfere posse da União à empresa. Ou seja, tudo que a TAESA construir em linhas elétricas, segundo o IFRS, não pode ser considerado ativo imobilizado, devendo ser contabilizado como ativo financeiro. Portanto, quando observamos os números contábeis sob a ótica do IFRS, que amortiza e corrige o ativo financeiro conforme dados inflacionários como IPCA e IGP-M, temos resultados diferentes daqueles da norma regulatória. Este artigo utiliza os dados regulatórios como base de estudo, mas não há certo ou errado, melhor ou pior entre o regulatório e o IFRS. 

 

 Avaliando as Concessões da Taesa.

É crucial compreender que é por meio da Receita Anual Permitida (RAP) que a empresa gera sua receita. Portanto, entender o comportamento presente e futuro da RAP é de vital importância para compreender o potencial de valorização da empresa.

Discussão sobre a empresa Taesa e seu contexto atual: análise da Receita Anual Permitida (RAP), prazo de concessão de linhas de transmissão, projeções de queda na RAP para 2031, estratégias de distribuição de dividendos, potenciais oportunidades de fusões e aquisições (M&A) e participação em leilões conduzidos pela ANEEL

Imagem: Linnhas de transmissão da Taesa. Fonte: https://ri.taesa.com.br/sobre-a-taesa/concessoes/


"Atualmente a TAESA detém 43 concessões de transmissão: (i) 14 concessões que compõem a empresa holding (TSN, Novatrans, ETEO, GTESA, PATESA, Munirah, NTE, STE, ATE, ATE II,  ATE III, Miracema, Saíra e Sant’Ana); (ii) 10 investidas integrais ( Brasnorte, São Gotardo, Mariana, Janaúba, São João, São Pedro, Lagoa Nova, Ananaí, Pitiguari e Tangará); e (iii) 19 participações (ETAU, Transmineiras e os Grupos AIE e TBE). Das concessões acima citadas, 5 estão em construção. São elas:  Ivaí, Sant’Ana, Ananaí, Pitiguari e Tangará." Texto retirado do site da empresa.

  

Como será a Receita Anual Permitida (RAP) da Taesa?

Desvendando Taesa: Receita Anual Permitida, prazo de concessão e estratégias diante das projeções de queda na RAP para 2031
Imagem: Projeção da RAP das Concessões atuais da Taesa.

 

Este estudo tem como objetivo avaliar exclusivamente as linhas existentes,  atualmente em seu portfólio. Supondo a ausência de novas aquisições de linhas de transmissão nos próximos anos, é possível observar um aumento anual de 8% na Receita Anual Permitida (RAP) até o ano de 2030. No entanto, após 2030, caso não ocorram novas aquisições de linhas de transmissão, espera-se uma queda de 28% na RAP já em 2031.

 


No entanto, é de conhecimento geral que a TAESA tem uma participação ativa nos leilões de transmissão da ANEEL e está envolvida em diversas aquisições  inorgânicas, além de monitorar de perto o mercado secundário em busca de possíveis novas aquisições. Portanto, é provável que, diante do cenário de queda da RAP em 2031, a empresa já esteja planejando ativamente uma recomposição da RAP.

 

Qual o Prazo Médio da RAP da TAESA?

Calculamos que o prazo médio ponderado da RAP  da TAESA seja de 13,2 anos. Esse valor é derivado multiplicando a RAP pelo tempo decorrido até o presente momento e dividindo pelo total da RAP projetada. 

Taesa em análise: Receita Anual Permitida, prazo de concessão e implicações das projeções de queda na R
Imagem: Time Line RAP Concessões Existentes TAESA. Fonte: W.G.

 

Qual o nível de endividamento da Taesa?

Considerando que a empresa tem um nível de endividamento idealizado em 3,7 vezes o EBITDA, é crucial observar que o limite de alavancagem da empresa foi atingido. Assim, para participar de novos empreendimentos e continuar a expandir a RAP, que se encontra ameaçada em um horizonte posterior a 7 anos, espera-se que a empresa tome uma das seguintes medidas: (i) reduza o nível de dividendos para recompor o caixa. (ii) Realize uma chamada de capital para aumentar o caixa. (iii) Reavalie para cima o limite de alavancagem estabelecido em 3,7 pelo departamento financeiro. Uma dessas três medidas, ou uma combinação delas, juntamente com a ampliação do EBITDA dos próximos anos, possibilitará que a empresa aumente o número de concessões de linhas de transmissão de energia 

Análise da empresa Taesa: Receita Anual Permitida, prazo de concessão de linhas de transmissão, projeções de queda na RAP para 2031 e estratégias de distribuição de dividendos

Imagem: Amortização da dívida da Taesa.

Visão sobre Taesa: Receita Anual Permitida, prazo de concessão, expectativas para 2031 e estratégias corporativas

Imagem: Dívida/EBITDA . Fonte: https://ri.taesa.com.br/informacoes-financeiras/endividamento/


Como a Taesa pode entregar valor ao acionista?

Normalmente, o prazo de concessão de uma linha de transmissão é de 30 anos. Portanto, com um prazo médio ponderado de 13,2 anos, podemos inferir que os ativos da Taesa estão na metade desse percurso, com a complicação adicional de uma projeção de perda de 28% na RAP prevista para 2031 na comparação anual com 2030. Isso obriga a empresa, que anteriormente tinha foco na distribuição de dividendos, a direcionar recursos para melhorias e recomposição da RAP, pois  construir kms de linha de transimssão leva tempo e antecipação é a chave deste negócio. Mais uma vez, é importante destacar que a empresa permanece aberta a novas oportunidades de fusões e aquisições (M&A) e à participação em leilões realizados pela ANEEL. Embora a RAP apresentada neste artigo não represente necessariamente o que acontecerá no futuro, este exercício de avaliação é útil, pois nos ajuda a entender as possíveis estratégias da empresa e como podemos nos posicionar como acionistas.