Evergrande Traz Incertezas Para Seus Credores.

 

Segundo notícia vinculada pela. Srta. Alexandra Stevenson NYT, em um tribunal de Hong Kong na segunda-feira, um juiz de falências

pode forçar a Evergrande a liquidar e pagar aos credores que têm dezenas de bilhões de dólares a receber.

A liquidação da Evergrande era antes inimaginável. Por duas décadas, ela foi uma referência na China ao capitalismo. Foi uma das empresas mais bem-sucedidas da China, impulsionando o crescimento econômico do país.

Como uma empresa que era a queridinha do governo chinês pode estar preenchendo a fila da falência?

Costumo dizer que há duas situações que quebram uma empresa: a falta de vendas e o excesso de vendas. Em uma situação de baixas vendas, os analistas costumam enxergar de longe os problemas, que se acumulam e são facilmente identificados em seus balanços patrimoniais. Já os problemas por excesso de vendas causam os maiores prejuízos aos credores, pois em épocas boas o crédito flui irrestrito, e nenhum executivo de banco parece estar com o alarme ligado para possíveis problemas.

Em todo negócio, há perigo no excesso de crescimento e, no caso da Evergrande, anos de expansão excessiva a deixaram financeiramente vulnerável e, quando entrou em default, tinha mais de US$ 300 bilhões em contas vencidas.

Com isso foi acontecer?

Em uma empresa de crescimento, seu financiamento pode advir de duas fontes: do capital gerado pelas vendas ou do capital de terceiros. Portanto, se uma empresa quer crescer inorganicamente, ela emite dívidas. Se uma empresa quer crescer organicamente, ela espera as vendas a financiarem. O fato é que as empresas não são muito boas em projetar cenários futuros dentro de uma matriz de probabilidades, e confesso que é algo realmente difícil de se fazer, mas diante da dificuldade, vale o velho conselho: Não arrisque o que você não pode perder para ganhar aquilo que você não precisa ganhar, conselho difícil de se adotar especialmente em momentos de excesso de liquidez.

Por que os analistas não viram o possível default na  Evergrande?

Minha teoria é que os bancos possuem os melhores e mais técnicos analistas, formados pelas melhores escolas. Portanto, eles veem o risco, mas o mercado de capitais é um mercado extremamente competitivo, e é difícil dizer não a um cliente quando seu maior concorrente está emitindo dezenas de milhões em novas dívidas ao mesmo cliente.

Em Hong Kong, advogados da Evergrande e de um grupo de seus credores discutiram por mais de um ano sobre como liquidar bilhões de dólares em dívidas que a empresa lhes deve. Quaisquer que sejam as denominações nesta reunião, fica a certeza de que empresas com grande crescimento são sempre as queridinhas dos funcionários, dos governos e dos credores. Mas quando algo sai errado, a amizade é interrompida com corações partidos e bolsos dilacerados.

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