Nestas férias de dezembro, tive a oportunidade de me encontrar com meus amigos e familiares. Quando se trabalha com investimentos, durante um encontro familiar, você pode ter certeza de duas coisas: uma tia irá lhe pedir dicas de investimento. A mesma tia, por incrível que pareça, irá lhe ensinar como investir. Sempre tiro proveito destas conversas, pois fico sabendo de muitas informações de mercado não disponíveis em meus monitores de valuation ou nos jornais de economia que costumo ler. Principalmente, são nestas ocasiões que estudo sobre finanças comportamentais e o que as pessoas esperam dos bancos de investimentos.

Setor Bancário em 2023

O ano de 2023 foi um ano para entrar na história para os bancos ou os 'bancões'. Tivemos a quebra de um número recorde de bancos a nível internacional, como foi o caso do Silicon Valley Bank, Signature Bank, Silvergate Bank e a venda histórica do Credit Suisse ao UBS. Tudo isso jogou uma pressão no setor bancário como eu nunca havia visto e derrubou o preço de muitas ações do setor bancário, refletindo o elevado grau de risco de uma quebra sistemática do setor.

Imagem: Notícias da crise do setor bancário em 2023. 

Qual é o maior desafio dos bancos?

O desafio principal, em grande parte das situações, reside na inadimplência dos clientes. Um banco atua como intermediário entre aqueles que têm capital excedente, como os investidores, e aqueles que precisam de capital, como os tomadores de crédito. Quanto mais o banco realiza essa intermediação, mais ele lucra com o spread, que, resumidamente, representa a principal fonte de receita de uma instituição bancária. Isso leva os administradores a serem tentados a aumentar o número de operações tanto quanto possível. Um exemplo notável é o caso do Silicon Valley, que, entre outros problemas, experimentou um crescimento excessivamente rápido, concedendo crédito de alto risco aos clientes. Essa prática resultou em perdas significativas e contribuiu para a rápida deterioração financeira do banco. Então, um banqueiro está sempre de olho em expandir o seu crédito, sem descuidar das medidas preventivas quanto ao recebimento do mesmo.

Imagem: Notícias da crise do setor bancário em 2023.

Ambiente de alto custo

Imagem: Notícia da FEBRABAN vinculando o alto grau de regulação e seus custos.

A quebra de um banco pode desencadear um efeito dominó, afetando outros devido ao sistema de compensação, onde um banco com maior captação empresta a outros com maior volume de saques. Isso exige regulação governamental para evitar a propagação de problemas, como visto no caso do Credit Suisse, onde o banco central suíço "forçou" sua venda ao UBS. Essas regulamentações e a intervenção governamental, embora necessárias, resultam em elevados custos de operação para os bancos, devido aos sistemas, taxas e profissionais qualificados envolvidos.

Banco Nacional Suíço (SNB)  não pagará dividendos.

Imagem: Notícia do Banco Nacional Suíço e suas dificuldades. Fonte: Google. 

Para se ter noção da dificuldade do setor, ontem o Banco Nacional Suíço (SNB) anunciou que, após registrar prejuízos pelo segundo ano consecutivo, não pagará dividendos, atribuindo a perda de cerca de 3 bilhões de francos suíços a posições desfavoráveis em francos. Em 2022, o SNB já havia registrado um déficit de 132,5 bilhões de francos suíços devido à valorização do franco e turbulências de mercado. O banco, que elevou suas taxas de juros duas vezes em 2023 para combater a inflação, afirmou que a perda impede a distribuição de dividendos. Esta situação levanta preocupações, pois a ausência de lucro em um banco suíço é incomum e pode indicar mudanças significativas no setor financeiro.

Segundo a opinião da minha tia, os bancos não remuneram adequadamente os investidores e ainda cobram altas taxas dos clientes, o que nos coloca, incluindo eu, na categoria de 'agentes do mal'. Mas, como vimos, a dificuldade dos bancos reside em captar clientes em número suficiente para constituir uma base financeira sólida e encontrar bons tomadores de crédito que, com segurança, devolvam o principal acrescido dos juros. Em meio a tudo isso, ainda precisam controlar os custos, para que, no final, se tudo der certo, sobre algum lucro. Quando a questionei sobre o que estava fazendo com suas economias, ela explicou com um ar de soberba de como ela estava conseguindo obter um retorno de 50% ao ano sobre seus investimentos. No entanto, essa história eu compartilharei em outro post...

Se você precisa de ajuda de um analista com seus investimentos realizados no setor bancário, entre em contato com Wagner Geremia.

Foto de Capa: Unsplash/ Floriane Vita