Investir em Ouro: Avaliando Riscos e Oportunidades

Imagine esta situação: ao comprar uma casa antiga e reformá-la, você descobre um esconderijo atrás de uma das paredes, contendo um cofre. Dentro deste cofre, há algumas notas antigas, como o cruzeiro e o cruzado, além de algumas joias feitas de ouro. Qual desses tesouros você acredita que ainda mantém valor? É exatamente por isso que muitos investidores recorrem ao tradicional investimento em ouro. Como veremos aqui, esse investimento, mesmo nos dias de hoje, confere um toque moderno às carteiras de investimento

Investir em ouro oferece diversificação, segurança em crises, efeito inverso ao mercado, e sofisticação na gestão de carteiras. Possíveis formas de investimento incluem ETFs, fundos, contratos futuros e ouro físico. O ouro é um ativo escasso, protegendo contra inflação e incerteza, mesmo em formato digital.

Antes de avançarmos e discutirmos sobre os investimentos em ouro, é importante fazer uma distinção:

Investimentos Produtivos

Esses são todos os ativos que produzem um bem ou serviço essencial para a sociedade, como uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) que gera energia elétrica, uma plantação que produz sua colheita, uma indústria automobilística que fabrica carros ou um imóvel que rende aluguel. O valor desses investimentos deriva da sua capacidade de gerar retorno; quanto mais aluguel um imóvel proporciona ao seu proprietário, mais valioso ele se torna, ou quanto mais lucrativa for uma empresa, mais valiosa ela será para seus acionistas.

Investimentos não produtivos 

Referem-se a ativos que não geram nenhum bem ou serviço tangível, mas cujo valor se baseia principalmente em duas forças. A primeira é a sua escassez, ou seja, a dificuldade em produzi-lo, como o ouro, que existe em quantidade limitada na natureza e não pode ser fabricado pelo homem. A segunda é a demanda, ou o grau de interesse e necessidade que esse bem desperta nas pessoas, como as criptomoedas, que estão atraindo um número crescente de adeptos a cada dia. Essas duas forças combinadas - escassez e demanda - determinam o preço do ativo.

Investimento em ouro: diversificação, segurança em crises, proteção contra inflação. Formas incluem ETFs, fundos, contratos futuros e ouro físico.

Quais os tipos de investimento em ouro?

  1. Compra de ouro físico: é possível adquirir ouro diretamente de empresas especializadas e armazená-lo conforme sua preferência. No entanto, esse método pode implicar custos adicionais e riscos relacionados ao armazenamento, já que pode ser necessário alugar um cofre físico. Devido ao aumento da violência, não é aconselhável armazenar ouro em sua residência ou empresa.
  2. Comprando contratos de ouro na Bolsa de Valores B3:  A forma mais comum de investir em ouro na B3 é por meio dos Contratos Futuros de Ouro (OZ), negociados na plataforma BOVESPA. Esses contratos representam a obrigação de entrega de uma quantidade física de ouro em uma data futura predefinida.
  3. Em corretoras especializadas: : Algumas corretoras de valores autorizadas pelo Banco Central oferecem contratos a termo de ouro, que consistem em acordos para compra ou venda do metal a um preço e data específicos.
  4. Fundos de investimento em Ouro: Esses fundos são oferecidos por bancos de investimento, tendo o ouro como ativo de referência. Contudo, é crucial ter cautela, pois os fundos de investimento em ouro podem conter outros ativos além do próprio ouro. Recomenda-se analisar cuidadosamente a composição da carteira e as regras de alocação do fundo antes de investir.
     Imagem: Exemplo de um fundo de investimento em Ouro de um Banco comercial. 
      5. ETF GOLD11:  O iShares Gold Trust é um ETF que acompanha de perto o desempenho da carteira teórica de ativos do índice LBMA Gold Price, uma referência global estabelecida pela London Bullion Market Association para monitorar o preço do ouro. Com no mínimo 95% do seu patrimônio investido em cotas do fundo iShares Gold Trust, listado na Bolsa de Nova York, ele oferece uma maneira eficaz de investir no mercado de ouro. Esta ETF é uma criação recente, de 2020. Acompanhei seu desempenho, liquidez e correlação com o iShares Gold Trust ao longo de todo o ano de 2021 antes de investir nela. O que tenho a dizer é que é um ETF que demonstrou uma correlação de até 94% com o preço do ativo de referência, apresentando boa liquidez. É um fundo que possui um patrimônio líquido mediano, portanto, é importante estar atento à relação entre o valor investido e o patrimônio líquido do fundo. Mesmo assim, acredito que seja a melhor opção para posições em ouro de menor porte.
Ouro: hedge em crises, comportamento inverso ao mercado. Opções incluem ETFs, fundos e ouro físico. Proteção contra inflação e incerteza.

 Imagem: Preço do Ouro ao longo do tempo.

Estratégia de investimento em ouro: diversificação, resistência a crises, correlação inversa. Opções de investimento: ETFs, fundos, contratos futuros.

Como o preço do Ouro Varia?

O comportamento do ouro é frequentemente inverso ao do mercado: geralmente, quando o mercado de renda variável está em alta, o preço do ouro tende a cair, e quando há sinais de crise ou incerteza, o ouro tende a se valorizar. Nos últimos anos, o ouro tem se destacado devido ao mercado de renda variável em ascensão, ao mesmo tempo em que enfrentamos grandes ameaças de crises, especialmente com as tensões geopolíticas em áreas produtoras de commodities importantes, como o petróleo. Isso criou duas forças contrárias atuando na cotação do ouro. No entanto, a ameaça de crise e pressões inflacionárias nos mercados americano e europeu levaram muitos fundos de investimento a recorrerem ao ouro como um porto seguro.

Imagem: Preço Gold11 x Preço Ibovespa- Correlação negativa. 

Qual a vantagem de investir em ouro?

Eu gosto de ter uma posição em ouro na carteira de investimentos, justamente pelo motivo do ouro ter um comportamento inverso ao mercado variável. Isso faz com que minha carteira esteja equilibrada caso haja alguma oscilação no mercado, pois a posição em ouro tende a se valorizar, amortecendo a queda  de rendimento da carteira. Portanto, o ouro é um recurso que adiciona um grau de sofisticação na gestão de carteiras, e criar um lastro de ouro em tempos de bonança faz com que os momentos difíceis sejam mais suaves.

Vantagens do investimento em ouro: segurança em crises, efeito inverso ao mercado, proteção contra inflação. Escolhas incluem ETFs, fundos, ouro físico.

Como vimos, o ouro é um ativo que não produz; seu valor advém de sua escassez e de sua aceitação pelo mercado. Vimos que existem muitas maneiras de adquirir esse metal precioso e que a escolha vai depender do volume investido. Além disso, o ouro é um seguro da carteira, reduzindo os ganhos em épocas de euforia, mas ampliando a margem de segurança em tempos difíceis. Se, por acaso, você não tiver a sorte de comprar uma casa com um cofre oculto contendo ouro, ao menos tenha a consciência de que mesmo que o ouro seja em formato digital em sua carteira, você desfruta dos mesmos benefícios.

 

Ouro como ativo: diversificação, proteção em crises, correlação inversa. Possibilidades de investimento: ETFs, fundos, contratos futuros, ouro físico.

 

 

 

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