A renda fixa não é fixa; ela tem oscilações e depende muito das expectativas e forças do mercado.
Os investidores que entram nos investimentos de renda fixa estão, em sua maioria, preocupados com a segurança do seu capital. Me acompanhe neste artigo, onde abordaremos pontos importantes que você deve considerar antes de mergulhar nos Investimentos em Renda Fixa.
Como Funciona a Renda Fixa?
Na renda fixa, o investidor empresta seu dinheiro a uma instituição em troca de uma remuneração definida no momento do investimento. Por exemplo, ao adquirir uma debênture, o investidor empresta dinheiro a uma empresa, que o utiliza para gerar suas atividades, comprar seus insumos, pagar funcionários e realizar suas vendas. Com isso, ela obtém um lucro e uma parte é distribuída aos acionistas, outra é devolvida à sociedade como impostos e ainda outra é paga com juros aos credores, sendo devolvida a você, investidor, depois que este ciclo é percorrido.
Tipos de renda fixa e suas características
A renda fixa oferece uma variedade de opções para investidores com diferentes perfis e objetivos. Cada tipo possui características, níveis de liquidez e utilizações específicas.
1. Tesouro Direto:
Tipos:
- Tesouro Selic: pós-fixado, atrelado à taxa Selic.
- Tesouro Prefixado: rentabilidade pré-definida no momento da compra.
- Tesouro IPCA+: rentabilidade atrelada à inflação (IPCA) + taxa prefixada.
Liquidez:
- Alta: títulos podem ser resgatados a qualquer momento.
Utilizações:
- Reserva de emergência;
- Composição do Fundo de Garantia (FGTS);
- Diversificação da carteira.
2. CDB (Certificado de Depósito Bancário):
Tipos:
- CDB Prefixado: rentabilidade pré-definida.
- CDB Pós-fixado: atrelado à taxa CDI (CDI + spread).
- CDB DI: atrelado à taxa DI (DI + spread).
Liquidez:
- Variável: depende do título e da instituição financeira.
Utilizações:
- Renda extra;
- Poupança para objetivos específicos;
- Diversificação da carteira.
3. LCI (Letra de Crédito Imobiliário):
Tipos:
- LCI Prefixada: rentabilidade pré-definida.
- LCI Pós-fixada: atrelada à taxa DI (DI + spread).
Liquidez:
- Baixa: geralmente, resgate apenas no vencimento.
Utilizações:
- Financiamento imobiliário;
- Investimento com isenção de imposto de renda.
4. LCA (Letra de Crédito do Agronegócio):
Tipos:
- LCA Prefixada: rentabilidade pré-definida.
- LCA Pós-fixada: atrelada à taxa DI (DI + spread).
Liquidez:
- Baixa: geralmente, resgate apenas no vencimento.
Utilizações:
- Financiamento do agronegócio;
- Investimento com isenção de imposto de renda.
5. Debêntures:
Tipos:
- Debêntures incentivadas: oferecem isenção de imposto de renda.
- Debêntures não incentivadas: tributadas pelo imposto de renda.
Liquidez:
- Variável: depende do título e da empresa emissora.
Utilizações:
- Financiamento de empresas;
- Investimento com potencial de alta rentabilidade.
6. Fundos de Renda Fixa:
Tipos:
- Fundos de renda fixa prefixados: rentabilidade pré-definida.
- Fundos de renda fixa pós-fixados: atrelados à taxa CDI ou DI.
- Fundos multimercado: investem em renda fixa e outros ativos.
Liquidez:
- Alta: geralmente, resgate a qualquer momento.
Utilizações:
- Diversificação da carteira;
- Investimento com gestão profissional.
7. CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários):
Tipos:
- CRI Prefixado: rentabilidade pré-definida.
- CRI Pós-fixado: atrelado à taxa DI (DI + spread).
Liquidez:
- Variável: depende do título e da instituição emissora.
Utilizações:
- Financiamento de projetos imobiliários;
- Investimento com potencial de alta rentabilidade.
8. CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio):
Tipos:
- CRA Prefixado: rentabilidade pré-definida.
- CRA Pós-fixado: atrelado à taxa DI (DI + spread).
Liquidez:
- Variável: depende do título e da instituição emissora.
Utilizações:
- Financiamento de projetos do agronegócio;
- Investimento com potencial de alta rentabilidade.
Riscos da Renda Fixa e a Importância do FGC
Entendendo os Riscos da Renda Fixa
Investir em renda fixa pode parecer uma escolha segura e estável para muitos, mas é importante reconhecer que essa modalidade de investimento não está isenta de riscos. Vamos analisar os principais riscos associados à renda fixa e as estratégias para minimizá-los:
1. Risco de Crédito:
Este é o risco de que o emissor do título não consiga cumprir suas obrigações financeiras, deixando o investidor em situação de perda. Para reduzir esse risco, é essencial investir em títulos emitidos por entidades com boa classificação de crédito, como governos sólidos ou empresas bem estabelecidas. Um exemplo recente é o caso dos debenturistas da Americanas que deixaram de receber a remuneração de seus investimentos.
2. Risco de Mercado:
O valor dos títulos de renda fixa está sujeito a flutuações devido às mudanças nas taxas de juros. Quando as taxas de juros aumentam, o valor dos títulos existentes diminui, e vice-versa. Diversificar a carteira com títulos de diferentes prazos e taxas pode ajudar a mitigar esse risco, pois os títulos podem reagir de maneiras diferentes às mudanças nas taxas de juros. Um exemplo é o preço de títulos pré-fixados, que podem sofrer um deságio em um cenário de elevação de juros.
3. Risco de Liquidez:
Esse risco surge quando há dificuldade em vender um título antes do seu vencimento, seja pela falta de demanda ou por restrições no mercado. Um exemplo seria as debêntures da Americanas no ano de 2023, que tiveram sua comercialização suspensa.
4. Risco de Inflação:
A inflação pode corroer o poder de compra do retorno gerado pelos investimentos em renda fixa. Para combater esse risco, os investidores podem optar por títulos atrelados à inflação, como os títulos do Tesouro Nacional indexados ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que oferecem retornos ajustados pela inflação.
5. Risco Regulatório:
Mudanças na legislação podem impactar o mercado de renda fixa, afetando os retornos dos investimentos. Para lidar com esse risco, é fundamental acompanhar de perto as mudanças na legislação e compreender como elas podem afetar os investimentos. Ficar atualizado com as regulamentações e adaptar a estratégia de investimento conforme necessário pode ajudar a mitigar esse tipo de risco.
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
O FGC é uma instituição privada sem fins lucrativos que garante os depósitos e investimentos em instituições financeiras participantes.
Como funciona:
Em caso de falência ou liquidação extrajudicial de uma instituição financeira associada ao FGC, os investidores podem receber até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por conglomerado financeiro, para a soma dos seguintes produtos:
- Depósitos à vista: Conta corrente, conta poupança e outros tipos de depósitos à vista.
- CDBs: Certificados de Depósito Bancário, incluindo CDBs prefixados, pós-fixados e atrelados ao DI.
- LCIs: Letras de Crédito Imobiliário.
- LCAs: Letras de Crédito do Agronegócio.
- RDBs: Recibos de Depósito Bancário.
- Letras de Câmbio (LCs): Títulos de crédito que representam direitos de recebimento de uma quantia em dinheiro.
- Letras Hipotecárias (LHs): Títulos de crédito lastreados em hipotecas de imóveis.
Limite de cobertura:
- R$ 250 mil por CPF ou CNPJ: Esse limite se aplica à soma de todos os produtos cobertos pelo FGC em cada conglomerado financeiro.
Importante:
- O FGC não cobre todos os tipos de investimentos, como:
- Fundos de investimento:
- Debêntures:
- Títulos do Tesouro Direto:
- CRI:
- CRA:
- O FGC não garante investimentos em instituições financeiras que não sejam participantes.
- Para saber se uma instituição financeira é participante do FGC, consulte o site do FGC:
Influência da Taxa SELIC no Rendimento
A taxa SELIC desempenha um papel fundamental no rendimento dos investimentos em renda fixa, já que a cada 45 dias o COPOM se reúne para determinar seu nível. Minha previsão para este ano é uma queda de 10,75% para 9,5% até o final do ano. Portanto, é esperado que os rendimentos sofram uma redução gradual ao longo desse período. Por conseguinte, é essencial estar atento às flutuações do mercado e ajustar a estratégia de investimento conforme o cenário econômico evolui.
Investimentos em Renda Fixa são recomendados mas com cuidado.
Em resumo, a renda fixa também pode despertar fortes emoções com suas variações. É necessário compreender seus mecanismos e riscos. Conhecer os diferentes tipos de investimentos e acompanhar de perto as taxas de juros são passos essenciais para garantir sucesso neste mercado. Apesar dos desafios, a renda fixa continua sendo um dos principais atrativos para investidores no Brasil.